sexta-feira, 18 de março de 2011

Agora já não sei se o que obedeço, são minhas necessidades ou as vontades. Apenas corro e faço de tudo algo urgente. Como o seu abraço tão distante, que nasceu desejo e hoje se faz necessário. Eu acordei e pensei que deveria te ligar pra dizer tudo o que sinto, mas eu não sei o que sinto. E também seria egoísta de minha parte te acordar pra dizer algo que não sei.

domingo, 30 de janeiro de 2011

A velha da praça

Respirou fundo, passou a ponta do dedo na ponta da língua e virou a pagina. Já fazia automaticamente esse movimento, há alguns meses lia e relia o mesmo livro de poemas que um dia encontrou em um sebo. Mesmo sem nunca ter ouvido falar do autor, resolveu comprar. Ao sair com o volume nas mãos pensou: “Nunca é tarde pra se conhecer algo novo.”
Todos os dias, acordava cedo, não tinha a quem dar bom dia, não tinha muita fome, gostava de café e de respirar, vestia sempre roupas parecidas, caminhava firme e lúcida pelo bairro silencioso até a praça. Onde se sentava e lia e relia sozinha, o seu velho novo livro de poemas.