domingo, 30 de janeiro de 2011

A velha da praça

Respirou fundo, passou a ponta do dedo na ponta da língua e virou a pagina. Já fazia automaticamente esse movimento, há alguns meses lia e relia o mesmo livro de poemas que um dia encontrou em um sebo. Mesmo sem nunca ter ouvido falar do autor, resolveu comprar. Ao sair com o volume nas mãos pensou: “Nunca é tarde pra se conhecer algo novo.”
Todos os dias, acordava cedo, não tinha a quem dar bom dia, não tinha muita fome, gostava de café e de respirar, vestia sempre roupas parecidas, caminhava firme e lúcida pelo bairro silencioso até a praça. Onde se sentava e lia e relia sozinha, o seu velho novo livro de poemas.

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