sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Invisível

Ele desce as escadas um tanto apressado, suas mãos vão escorregando pelo corrimão, o atrito causa um pouco de calor e suor, a respiração levemente acelerada, o coração acompanhando o ritmo do resto do corpo facilmente. Qualquer pessoa vive algo assim, a vida não parece tão difícil pra ele.

Ao sair do prédio, caminha até a padaria na esquina e pede um café. Ao seu lado um senhor caçoa do balconista pela derrota de seu time na noite anterior. É quinta feira, o pós-futebol. No alto, acima de um refrigerador de uma famosa marca de cerveja, uma televisão exibe um telejornal matinal. Coisa difícil de digerir com café e pão de queijo. Um ex-famoso tenta se suicidar, um velho bigodudo abusa sexualmente do sobrinho, um médico bêbado atropela e mata uma menina de dezessete anos que sonhava em ser fisioterapeuta...

- Acho que é melhor esquecermos o dia de ontem. Não aconteceu nada de bom. – Ele diz. Ninguém lhe da atenção.

Ele vai até o balcão, paga o café e vai trabalhar.

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