quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Nunca foi um flerte

Parado atrás da parede, ele a observa fascinado e em completo estado de agonia. Não há uma palavra em todo o seu vocabulário que seja pronunciável naquele momento. Era como se aquilo que adentrava suas pupilas fosse muito mais do que luz, mais que imagem. Aquela cena lhe parece distante, sem possibilidade de interação. De dentro daquela alma tão pequena ele a observa como se observa uma foto, vê em seus gestos uma leveza enorme em lidar com pessoas, uma leveza que ele nunca teve nem nunca terá. Como agiria ao lado daquela garota tão simpática, extrovertida e cobiçada? Não fazia a menor idéia. Nem tinha esperanças de que um dia pudesse estar ao lado daquilo. - Para ele já era AQUILO, já havia perdido a forma humana.
Ainda parado ele pensa em prender a respiração até morrer, pensa em qualquer idiotice que o fizesse esquecer aquela distancia que ele mesmo havia criado entre ele e aquela que mesmo de longe se tornou tudo o que há de sagrado em sua vida.
Retomou a sua quase razão cotidiana e continuou a caminhar lentamente. Com um sorriso mais triste que a maioria dos choros que se vê por aí. Discretamente lançou a ela um cumprimento, o mais tímido e desajeitado que encontrou. E continuou caminhando sem ter coragem de olhar para saber se foi correspondido.

Um comentário:

  1. Legal este lance de contos ou crônicas curtas.

    Linquei o blogue no blogue da Comunidade.

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