segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Fugindo do cabresto

Ele caminhava rente ao muro, observava atentamente cada pedaço de tijolo quebrado, cada pichação. Sentia falta de ar. O mundo parecia grande e demasiado hostil para aquela rudez inocente de criança.
Ali dentro, todos tinham enxurradas de respostas para suas perguntas, palavras de esperança para o futuro. Carregavam nas bolsas, maços de cigarros, cartões de crédito, tinham em suas casas, lavadoras de roupas e antidepressivos, livros de auto-ajuda e sorini contra renite... Sentia fome. Uma fome que nada tinha a ver com o estomago. Era fome de vida, coisa que ali não se via comumente. Os olhos compenetrados varriam cada centímetro a sua volta no intuito de não ser surpreendido em ação. Pulou o muro!
Ao se ver na rua, sentiu-se mais vivo. Cumprimentou os amigos, fez graça para um cachorro vira latas. Achou simpática a mancha em volta do olho do cão e sorriu. Um dos amigos lhe perguntou:
- Faltou a aula?
- Sim! vamos jogar bola?

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