segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Tempo e espaço

Ele vinha caminhando pela calçada, distraído. Era uma terça feira comum. A rua estava movimentada, muita gente passando, indo trabalhar, estudar, vagabundear, fazer compras, fazer vendas, todo o tipo de coisas que as pessoas fazem em uma terça feira. Alberto havia saído de casa cedo para pagar algumas contas. Não gostava de fazer a barba. Acordava cedo, preparava o café, tomava banho e saia. Sua mulher não incentivava essa prática. Mas com os anos de convivência aprendeu a suportar. Era um bom homem. Gostava de cachorros, livros, música, bebia moderadamente e não falava da vida alheia.
Alberto havia passado em um bar para comprar cigarros. A moça não tinha troco e deu a ele um chiclete no lugar de uma moeda de cinco centavos. Ele tinha uma certa antipatia inexplicável contra chicletes. Mas na falta da bendita moeda, aceitou. Guardou no bolso e seguiu. Na esquina um homem de calça jeans, paletó, gravata e uma cara de quem estava fazendo algo muito importante o entregou um folheto. “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundancia. (João 10.10b)” Dizia o folheto. Alberto não sabia se acreditava em Deus, não havia tido tempo para se questionar sobre esse assunto.
“Será que esse cara tem emprego, família?” Pensou Alberto.
Ainda andando e de cabeça baixa ele continuou a ler o folheto. Olhou para os lados para atravessar, o semáforo marcava sinal amarelo e um carro vinha em sua direção. “Da tempo.” Pensou Alberto. E apressou o passo em uma quase corrida.
Não deu tempo.

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